No universo jurídico, cada palavra carrega peso. Um termo inadequado pode comprometer uma petição inteira; uma construção ambígua pode gerar interpretações conflitantes em um parecer técnico crucial. Por essa razão, a revisão de textos jurídicos transcende o domínio gramatical tradicional, constituindo uma especialização editorial que exige conhecimento técnico específico da área.
O principal desafio da escrita jurídica reside em preservar a precisão terminológica sem comprometer a compreensibilidade do texto. Termos como preclusão, decadência e prescrição possuem significados técnicos específicos, estabelecidos pela doutrina e jurisprudência, que não admitem simplificações ou substituições por sinônimos leigos.
Diferentemente de outras áreas do conhecimento, o texto jurídico mantém padrões de formalidade rígidos por necessidade funcional. Contrações, coloquialismos ou estruturas informais não apenas comprometem a seriedade do documento, mas podem afetar sua eficácia perante tribunais e órgãos oficiais.
Textos jurídicos seguem lógicas próprias de organização, percorrendo um caminho específico: da fundamentação legal à conclusão, incorporando precedentes jurisprudenciais e interpretações doutrinárias. O revisor especializado precisa dominar essas estruturas para identificar inconsistências argumentativas que podem fragilizar a tese defendida.
Mesmo profissionais experientes podem tropeçar em distinções terminológicas que alteram substancialmente o sentido jurídico do texto.
Responsabilidade vs. responsabilização
Enquanto responsabilidade refere-se ao estado ou condição jurídica, responsabilização designa o processo de atribuição dessa condição.
Decisão, Sentença e Acórdão
Cada termo designa um tipo específico de pronunciamento judicial, com características e efeitos jurídicos distintos. Confundi-los revela desconhecimento técnico e pode gerar imprecisões conceituais.
Dever vs. obrigação
No direito civil, obrigação possui sentido técnico específico, relacionado à relação jurídica entre credor e devedor. Dever tem aplicação mais ampla, e sua utilização inadequada pode gerar imprecisões conceituais significativas.
Latinismos
Expressões consagradas como ad hoc, habeas corpus e sine qua non devem ser empregadas corretamente e, quando necessário, acompanhadas de explicação adequada ao público-alvo.
As inversões sintáticas, embora confiram solenidade ao texto jurídico, devem ser utilizadas com parcimônia para não comprometer a clareza da comunicação.
No registro jurídico, construções como "aplicam-se as normas" são tradicionalmente preferidas em relação à voz passiva analítica, conferindo maior concisão e formalidade ao texto.
Para exercer a revisão jurídica com excelência, o profissional deve manter-se atualizado com recursos específicos.
A revisão mais eficaz resulta do diálogo construtivo entre o autor-jurista e o revisor especializado. Enquanto o jurista contribui com o conhecimento técnico-legal aprofundado, o revisor aporta a expertise linguística e editorial necessária. Essa parceria estratégica assegura o rigor técnico exigido pela área sem sacrificar a qualidade comunicativa do texto.
A revisão de textos nessa área constitui uma especialização que exige a confluência entre conhecimento linguístico aprofundado e domínio técnico da área jurídica. Não se trata meramente de aplicar regras gramaticais, mas de compreender as especificidades comunicativas de um campo em que a precisão terminológica possui consequências práticas diretas e mensuráveis.
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